sexta-feira, 18 de março de 2011

Um pouco de poesia...

Verso e Reverso de Uma Medalha de Guerra
De: Carlos Omar Villela Gomes




Tremem minhas mãos neste momento,
a voz que chama tem um timbre ácido...
o espelho frente aos olhos refletindo as cores
de uma bandeira linda q empunhei sem medo.

Não escuto nada, alem desses trovoes de guerra
e tambores surdos ritmando os passos...
cavalhadas loucas num lançante abaixo
e escamaramuças plenas de paixão e terra.

Quais ferimentos em castigam mais?
do corpo, da alma, da lembrança?
Não sei dizer o que me encurrala...
os talhos feios q guardei no couro
ou os tormentos q inscrevi na alma.
De tudo isso, me restou um dote,
uma honraria, por haver peleado...
dos tantos golpes de uma adaga fria
o grande prêmio se mostrou um dia
numa medalha de metal dourado.

Honra ao mérito, está escrito na sua fronte...
honra ao mérito, frase tão singela...
honra ao mérito aos homens de coragem
que construíram pátria, que conquistaram sonhos,
desaguando historio pelos rios do tempo.

Honra ao mérito, está escrito no metal...
Lindo seria, não representasse golpes,
não sacrificasse vidas, não recompensasse feras...
Fui um dos q lutaram, que sonharam,
que sofreram a dor mais aguda
de fazer o certo da maneira errada.

Lutar pra construir nações,
lutar pra defender ideais...
lutar pra garantir seu chão,
lutar pra encontrar a paz.

Necessário talvez, mas não tristonho...
Que preço alto me cobrou a vida,
Que jeito amargo de buscar um sonho.

Honra ao mérito está escrito na medalha...

Terá honra de matar, mesmo de frente?
Terão mérito o chumbo e a crioula
se os inimigos q enchemos de peçonha
fora os lenços de outra cor, são nossa gente?

Honra ao mérito, no prêmio que rebrilha...
Antes fosse conquistado com ternura...
Honra ao mérito por saber semear doçura
e não por sangue derramado nas guerrilhas.
A medalha queima em minhas mãos cansadas
como se o peso de toda história recaísse em mim...

Mas a esperança não chegou ao fim...
Olho pros lados, vejo coisas belas,
ginetes buenos com seus potros ágeis,
moças risonhas a enfeitar janelas.
E esta medalha, o que fazer com ela?

Jogo a medalha rumo ao céu, e junto dela
Todas as dores q me cortam fundo...
Adeus as chagas q colhi no mundo,
Adeus as sombras q me desesperam.
Honra ao mérito, esperança remoçada!
A mão de um anjo fez do meu lamento
mais uma estrela pela madrugada.
Honra ao mérito, ecoa em meu destino
buscando alento pra um perau malino
Numa medalha de ilusão dourada!

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