Encilha do Cavalo
gentileza de Bernardete Angela Manosso
Para o gaúcho, o cavalo é o "animal", por excelência, usado quase que
exclusivamente para montaria. Já o índio rio-grandense, vencido o temor
que o animal desconhecido lhe causava, cavalgava altivamente pelas
coxilhas, montando "em pêlo" ou, mais tarde, como mostram desenhos do
pintor Debret, num tipo de sela primitivo: num "xergão" sobre o qual havia
uma "carona", presa por uma espécie de "cincha", governando o cavalo por
uma corda que lhe era amarrada no queixo.
Hoje os arreios, isto é, as peças necessárias para encilhar o cavalo, os
chamados "aperos" ou "preparos" são bem mais complexos. Distinguem-se os
aperos da cabeça e os de montaria.
Dos aperos da cabeça: Todos de couro trançado ou chato, fazem parte a
"cabeçada" que sustenta o freio na boca do cavalo, passando por trás das
orelhas. Distingue-se nela a "testeira" a "alça de medida" e os "meios"
onde vai o freio.
O "buçal" é uma peça complexa que vai na cabeça e no pescoço do cavalo.
Além da cabeçada, há nele a "pescoceira" e a " focinheira", ligadas por
duas argolas, e a "sedeira". À argola inferior prende-se o "cabresto". No
freio apresilham-se as "canas da rédea" para governar o cavalo. São dois
meios, trançados finos e chatos, com três argolas em cada cana, tendo cada
cana uma "presilha".
Os aperos de montaria: Seguidos na ordem em que são colocados no lombo do
cavalo são: o "xergão" ou "baixeiro" , um suadouro que vai diretamente no
lombo do cavalo. Sobre esse vai a "carona", peça lisa de couro em que se
assenta a "sela" para montar. Existem vários tipos de selas no RGS,
preferidos nesta ou noutra região do estado. Muito usado em todo estado é
o "lombilho"Neste tipo de sela, distinguem-se: "cabeça", "rabicheira",
"abas", "travessão" com a argola e os "bastos". Como sela para mulheres
montarem, existe o "selim de gancho" , em que ela pode montar até de
vestido comprido, sentada de lado.
A sela de qualquer dos tipos citados e de outros ainda, é segura pela "
cincha" faixa de couro cuja parte central, que fica em cima da sela é o
"travessão"provido de argolas em que se liga, pelo "látego" a
"barrigueira", a parte da cincha que passa pela barriga do cavalo, sendo
apertada no lado oposto pelo "sobrelátego". Sobre a sela vai o "pelego",
pele de carneiro com a là que serve de forro ao assento, coberto pela
"badana" pele macia, às vezes lavrada, segura pela sobrecincha.
Presos à sela ficam os "loros" correias duplas que sustentam os "estribos"
em que o cavaleiro firma o pé. Ainda existe a "peiteira" ou "peitoral",
peça de couro que cinge o peito do cavalo; compõe-se de dois meios presos
à sela e de uma faixa que se fixa na barrigueira. O "rabicho" assegura,
junto com a peiteira, que a sela não se possa deslocar, nem para frente,
nem para trás.
Na parte posterior do lombilho estão presas duas pequenas tiras de lonca,
os "tentos", com que se ata o laço enrodilhado.
Em tempos idos, as grandes estâncias tinham além dos costumeiros cavalos
de serviço, uma TROPILHA de estimação, mantida em invernadas separadas.
Formada por baguais mansos (ou em fase de doma), ou por cavalos mansos.
Eram formadas apenas por cavalos, pois não se encilhavam éguas (geralmente
xucras e/ou éguas madrinhas). Todos eram do mesmo pelo: tordilho, gateado
ou mouro. O número de cavalos numa tropilha variava de 20 a 50 cavalos.
QUADRILHA: dava-se o nome de quadrilha, a um lote de 6 a 12 animais,
cavalos ou éguas mansas, de qualquer pelo, que geralmente pertenciam a um
gaúcho pobre. Era formada por animais enquadrilhados, sempre juntos, mesmo
em campo aberto. Era orgulho e meio de ganhar a vida de quem a possuia.
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